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Bienal de arte contemporânea do SESC



O SESC Paraíba abriu, na quinta-feira (01), a sua Bienal de Artes Contemporânea, 2023. Essa edição traz uma provocação aos artistas paraibanos: "as relações entre tempo, território, memória e suas materialidades" levando a sociedade a refletir, através da arte, sobre as consequentes mutações provocadas na paisagem urbana pelo crescimento geográfico e pelo impacto dos desequilíbrios naturais.



A bienal homenageou a artista paraibana Iris Helena. foram escolhidos 20 artistas, selecionados, através de seus projetos artísticos para fazerem parte desta exposição. São eles: Aleixo, Caio Jinkings, Cris Peres, Eril Kleiver, Guto Oca, Hélder Oliveira, Illian Narayama, Inocêncio, Li Vasc, Lonelas, Lucas Alves, Luciana Urtiga, Matheus Martins, Mayara Ismael, Maycon Albuquerque, Meiacor, Morgana Ceballos, Potira Maia, Ton Limongi e Willian Marcêdo.

Meiacor - Abandono - Pintura

A inovação nas artes, a partir do pós-modernismo, fez surgir tendências artísticas que apresentaram expressões técnicas inovadoras e incentivaram as reflexões subjetivas das obras. A Arte contemporânea rompeu com alguns aspectos da arte Moderna, configurando uma nova mentalidade no mundo das artes, muitos valores defendidos pela arte moderna foram mantidos na contemporaneidade, tais como, o desejo pelas invenções e experimentações artísticas.

A arte contemporânea é complexa e, às vezes, muito difícil sintetizar seu significado. É natural que o homem sinta atração ou rejeição por formas, cores e objetos pelas quais expressam significados. O alcance do significado da arte contemporânea não é comparável ao de outras épocas, uma obra de arte de vanguarda pode ou não significar coisa reconhecível, em geral ela não narra, mas evoca sensações ou apresenta uma forma do artista ver o mundo.

Impressão Mineral sobre papel algodão e serigrafia sobre placa acrílica
Potira Maia - Estudo para o desvio de perspectiva

Ao questionar os artistas sobre "as relações entre tempo, território, memória e suas materialidades" com relação as mudanças na paisagem urbana provocadas pelo crescimento geográfico, A bienal libera energia criativa para que os artistas se expressem.



Performance
Trexy - Imolação

A performance Trexy, "Imolação", possibilita a audiência a refletir o quanto é exigido do ser para o desenvolvimento comum. As mordaças, as ataduras, os torniquetes, as algemas usadas para tolher o pensamento individual, em prol de um ideal coletivo. A visão de utilizações de máscaras, aceitas pelo coletivo, aprisiona de forma desumana o ser que habita no mascarado, provocando as patologias psíquicas, desestabilizando o homem físico e emocional.

Impressão jato de tinta sobre cascas de paredes de casas variadas,
Ires Helena - Paisagem Parahyba

A arquitetura histórica, edificada ao longo do desenvolvimento urbano, destruída e sobreposta pelas novas formas arquitetônicas, provocando um processo de Alzheimer cultural, em que, a face da cidade sofre uma harmonização desfigurativa para atender às demandas do crescimento é retratada na obra da artista homenageada, Ires Helena, "Paisagem Parahyba". Ela produziu impressões de edificações histórias sobre cascas de paredes, provoca-nos a pensar sobre a efemeridade da aparência arquitetônica diante das transformações promovidas pela aculturação e a insaciável ganância do consumismo de mercado.


pintura objeto
Guto Oca - Oferendei minhas raízes à terra que me acolheu

O grito das etnias é ouvido nos trabalhos do artista Guto Oca, "Oferendei minhas raízes à terra que me acolheu", em que utilizando seus dreadlocks, ou simplesmente seus rastas, penteado na forma de mechas emaranhadas, típico do movimento rastafari, como oferenda, retratando raízes galhos e troncos de árvores, alude ao pertencimento ao lugar onde vive e tira o seu sustento físico e espiritual. Esse grito torna visível a inquietação dos povos originários, ou grupos "minoritários", pelo sofrimento das pressões sociais e do peso do poder dos supremacistas raciais e econômicos sobre os povos.


Assemblage
Ton Limongi - 5ª Ruína

Outro trabalho que chamou a minha atenção foi o trabalho de Ton Limongi, "5ª Ruína" uma escultura composta por uma roda de pedra, para mim, aludindo ao mais antigo invento funcional do homem, encrustado com uma cúpula de vidro, contendo uma máscara de procedimento, largamente utilizada para a prevenção de doenças respiratória; em sua base estão escritas as palavras "E X T I N Ç Ã O – Enter", escrita com tipos de teclados de computador. O que é entendido com esse trabalho? Para mim, o trabalho provoca o homem a pensar sobre a fragilidade de toda a sua criação, diante das pandemias provocadas pelo desarranjo natural do meio-ambiente.

Fotografia Digital
Aleixo - Novos Montes

A degradação da natureza é denunciada nos trabalhos de Aleixo, "Novos Montes", escultura em concreto, acrílica e fotografia digital em que representa uma montanha de escombros de construções desfeitas; a preocupação com as falésias de nosso estado, foram expressadas nos trabalhos de Lucas Alves "lamento branco" executado em monotipias, grafite e velas derretidas; como também no trabalho de Luciana Urtiga, "Tríptico da paisagem - a Escada, a paisagem e a falésia", monotipia em sobreposição, falésia são estruturas naturais, típicas de nossos encostas e se apresentam em constante transformação natural, mas, pela ação do homem, toda a beleza é destruída como um corpo mutilado. Morgana Cebalho, em seu trabalho a "Barragem de Quixeramobim sangrou (e eu também)", uma instalação antiotipias com beterraba e Sangradouro, chama a nossa atenção pela sua subjetividade em demonstração das feridas produzidas pelo abandono dos barramentos, tão necessários ao combate à seca em nossa região, transformando-os em verdadeiras bombas de destruição.

Escultura
Cris Peres - Arqueologia do amanhã

Cris Peres, com o seu trabalho, "Arqueologia do amanhã", faz uma provocação, chamando a nossa atenção para os vestígios que deixaremos para as novas gerações, caso a humanidade consiga resistir a destruição de nosso planeta.

Os bibelôs, objetos de usos domésticos foram lembrados também pelos artistas. Eles também sofrem mutações diante do aculturamento provocado pela globalização de mercado. A identidade de um povo é a vítima direta dessa nova forma de comércio.

Todos os trabalhos apresentam a preocupação com o crescimento ordenado ou desordenado motivado pela necessidade de alocação do homem ou pela ganância especulativa para o atendimento de uma classe específica da sociedade. A natureza trabalha em conjunto com o ser humano, dando-lhe respostas imediatas as suas intervenções.

A unidade do Sesc Paraíba está de parabéns pela seleção de trabalhos artísticos para esta bienal de arte contemporânea.



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