top of page

Dinâmica das formas, uma visão flutuante do desenho escultura de Wilson Figueiredo.

Atualizado: 13 de mai. de 2019


Um cheiro de café, boa música, poesia, um burburinho de amigos e admiradores das manifestações artísticas, tudo isso é o cartão de visita para a exposição “Dinâmica das Formas”, do artista das artes visuais e poeta Wilson Figueiredo. A amostra foi aberta na sexta-feira (03), no Buarque-se Café com Arte, e ficará a disposição do público até o final de junho. O evento contou com a boa música de Uirá Garcia e Lucas, e recital com declamações das artistas Valéria Antunes, Francy Silva, Vanessa Rianbau.



Foto: Sílvio Feitosa
Wilson Figueiredo

O Artista

Wilson Figueiredo é natural da cidade de Patos, localizada no alto sertão da Paraíba, mora em João Pessoa desde 1973. Em 2006, após sua aposentadoria, enveredou pelos caminhos das artes. A primeira exposição, intitulada Vivificante, foi realizada no Casarão dos Azulejos, aqui na capital. Desde essa primeira investida, Wilson não parou, obtendo reconhecimento internacional, o artista foi agraciado com o título de Chevalier Académicien, da Mondial Art Academia da França.







Apresentação da Amostra


Foto: Sílvio Feitosa - Valéria Antunes

A artista Valéria Antunes fez a apresentação da exposição e iniciou seu texto com a expressão: “Aqui, nesse imenso universo, infinitos são os dons, e, dentre tantos pode certamente ser ressaltada a criatividade como o mais próximo do sublime. A arte nasce com o ser e quando aflora, no seu tempo devido, ao tangenciar o público desperta-lhe a atenção e consagra, assim, o artista”.


A apresentadora foi feliz, em sua colocação, pois, o trabalho desse artista, despertado em sua madureza, encanta o público pela forma singular e diferenciada de lidar com os materiais. Os seus trabalhos com arame permite a flutuação do desenho em sua base, criando formas sub o riscado, levando o expectador à sensação de vertigem. Os motivos e elementos composto em seu trabalho transmite a simplicidade do nordestino, vivenciado em seu dia-a-dia. As cenas remetem infância do artista, transportando o imaginário para real. Seus trabalhos em ferro e zinco recortado, sobrepostos, formam quebra-cabeças ajustados por parafusos e rebites. A reorganização de ferros descartados permite, ao artista, a criação de seres lendários, surgidos da mente de um poeta.


O anfitrião, visão sobre a mostra


Alex, sócio do Buarque-se Café com Arte, falou sobre os motivos que o levaram a abrir sua casa à exposição. “Wilson é um artista fundamental para as artes na Paraíba. A sua arte traz a identidade e a cultura do paraibano, esses registros são encontrado nas formas, nas cores, nos elementos que ele utiliza em sua obra. Ele está para a Paraíba, tal qual, Jorge Amado está para Bahia, um Picasso para Espanha ou uma Tarsila para São Paulo. São artistas que trazem, em suas obras, referencias da sua terra”, falou emocionado.


O anfitrião reconhece no trabalho do Wilson Figueiredo, como possuidor de uma personalidade sertaneja, produzida por um homem forte em sua arte. Encontra em seu trabalho a inscrição de sua história, da sua vivencia. Alex percebe, nos trabalhos expostos, um autorretrato do artista, compostos por traços de sua personalidade. “Ao nos depararmos com um de seus trabalhos, logo o identificamos com sendo parte da obra de Wilson Figueiredo. Mesmo utilizando materiais comuns a outros artistas, o trabalho de Wilson traz uma delicadeza própria,” acrescentou.


Opinião de quem ama a arte


O vernissage “Dinâmica das Formas” foi bastante concorrido, contou com a presença de amigos, amantes das artes, frequentadores do Buarque-se Café com Arte, além de artistas que admiram o fazer artístico do Wilson Figueiredo.



Célia Gondim
Foto: Sílvio Feitosa - Célia Gondim

Célia Gondim, conceituada artífice das artes Naif paraibana, falou de sua admiração pela obra do artista. “A Obra de Wilson Figueiredo é impar, é diferenciada de qualquer outra realizada por outros artistas. Ele é capaz de, com arame, representar imagens, passando uma mensagem do que ele realmente deseja, seja um sentimento ou retratar simplesmente um paisagem do seu sertão, as suas lembranças de infância, tudo está traduzido no arame, com a perfeição possível. Ele tem a capacidade e a habilidade de transmitir sua mensagem, não só com o arame, mas também com chapas de ferro, recomposição de ferros descartados e, mais recentemente, com o zinco,” Declarou a colega de artes.



Foto: Sílvio Feitosa - Lu Maia

Lu Maia reconhece na arte de Wilson Figueiredo um fazer inovador. “Ele traz toda uma criatividade, até então, não vista em outros artistas. Isso, em relação ao sua técnica com arame, que consiste em tecer tramas, esculpindo formas bidimensionais, sobrepondo a um suporte, possibilitando a interação do espectador com o trabalho, brincando com as sombras projetadas pelo efeito do jogo de luz,” comentou a artista e promotora de artes. “Eu tenho uma grande admiração pela pessoa, Wilson Figueiredo, pelo artista inovador, pela sua humildade, mas com uma firmeza, apesar de suas mãos pequenas. Eu o chamo carinhosamente de ‘meu bigodinho de arame’”, complementou, aos risos, a artista.



Raniery Abrantes, poeta cordelista, prestigiou o evento e presenteou Wilson Figueiredo com uma de seus poemas:

Wilson Figueiredo


Tela ‘ Cordel, Mistério e Paixão’

Obra ‘inexplicável Imaginário’

O enlace se dá num amplo cenário

Com a telúrica arte ‘Recreação’

Belo poema do mestre artesão

Perspicaz a esculpir ‘O Bem do Mar’

Levando o poeta a se inspirar

Na formosura ‘Cavaleiro Alado’

Pegando o lápis, papel ao seu lado

Fazendo o verso a Wilson exaltar.

Raniery Abrantes

Cabedelo, 03 de maio de 2019.



Raniery descreveu Wilson como um artista que executa o seu trabalho explorando o olhar, sentido que tem o grande mistério de captar luzes, cores e formas. “Wilson é para mim, além de um grande escultor, um grande poeta, se estivéssemos vivendo no início da idade moderna, eu arriscaria a dizer que ele, tal qual Leonardo da Vinci, Michelangelo, seria um homem do renascimento. Porque ele é um homem de múltiplas artes. Wilson Figueiredo é um artista multifacetado, o seu olhar faz com que o ferro, o arame tomem formas, tal que, nem ele mesmo, tem o domínio da própria arte, é algo que perpassa a sua própria ideia da forma. Wilson tem esse poder, um poder de um artista do renascimento, é uma questão do antropocentrismo. A questão de lidar com o que já existe. Na arte, não tem nada de original. O artista estuda os seus mestres, observa o fazer de alguém e dali concebe a sua obra. Isso não só nas artes plásticas, mas também na poesia, que é a minha área, nós temos na arte um entrelaçamento uma sinergia que perpassa tudo. O artista é um ser iluminado e esse dom é vindo do grande arquiteto que faz com que sejamos bafejados por esse tipo de coisa, diga-se, quase inexplicável. Wilson Figueiredo foi bafejado com o dom da arte,” afirma o poeta dos cordéis.


Realização, sentimento dos que ousam lidar com a forma





Wilson Figueiredo, em sua simplicidade, mas com um senso de doação e amizade, transparece seu contentamento em apresentar o seu trabalho, agradecido pela abertura de espaços para se vivenciar a arte. “Hoje eu tenho a grata satisfação e a felicidade de trazer a minha arte para um ambiente que respeita os nossos anseios, dando, aos artistas, a oportunidade de apresentem os seus trabalhos. Estou agradecido ao Buarque-se Café com Arte, principalmente pela forma que foi dirigido o evento, com muito amor e profissionalismo, proporcionando rever grandes amigos,” declarou o expositor.


Princípio de tudo


Wilson falou sobre os seus primeiros momentos no desenvolvimento de sua arte: “No início de meus trabalhos, eu senti uma necessidade de expor o que havia guardado dentro de mim. Antes eu era vinculado a uma empresa que não me dava oportunidade de agir com criatividade. Depois de minha aposentadoria, tentei usar os pinceis, mas, de imediato, eu notei e comparei, surgindo a necessidade de criar uma técnica diferente; não que tivesse a intenção de chegar perto de gênios que temos em nosso estado. Desse processo veio em mente desenhar com o arame, que é fácil de manipular, e com isso, me facilitou trabalhar com o figurativo. Essa técnica já era utilizada por outros artistas. Por incrível que pareça, o que me deu reconhecimento como artista, foi a ideia de deslocar os meus primeiros trabalhos da parede, com isso, veio a sombra provocada pela reação da luz. Tomei a decisão de afastar, uns três a quatro centímetros do suporte, explorando os efeitos incidentes da exposição do arame à luz. Esse efeito proporcionou uma leitura tridimensional do trabalho. Logo após veio as outras fases: a chapa de ferro, o ferro reciclado e mais recente o Zinco. Tudo isso surgiu em função da minha inquietação e a necessidade de buscar algo diferente, atrelado a nobreza de amigos que vinham a me incentivar, dando-me força para eu seguir em frente,” revela o artista.


Surgimento de uma nova técnica



Foto: Sílvio Feitosa - Artista: Wilson Figueiredo

Sobre a titulação da técnica empregada, Wilson declarou que, em seus trabalhos com arame, emprega técnica mista com a utilização de arame e tinta acrílica sobre eucatex. Em minha opinião, essa técnica poderia se intitulada como: Flutuação de sobra, provocada por incidência da luz sobre desenho aramado em suporte plano, criação do artista das artes visuais Wilson Figueiredo.


Casos pitorescos


Wilson contou que, por ocasião de uma exposição coletiva, em Brasília, no Itamaraty, da qual fazia parte como um dos expositores, os artistas se colocavam ao lado de suas obras, com intuito de prestar algum esclarecimento sobre o trabalho exposto. Ao recebendo uma comitiva composta pelo Presidente da Câmara de deputados e alguns membros do parlamento, a projeção das luzes da TV, que cobriam o evento, incidiu sobre o seu trabalho, provocando o comentário de um dos parlamentares: “Presidente, não bebi nenhuma dose de wisque, ainda, e já estou vendo o trabalho desse senhor, todo embaraçado”, isso foi motivo de muitas risadas e chamou a atenção, ainda mais, para o trabalho de nosso expositor.

Reconhecimento ao espaço Buarque-se Café com Arte


É notória a necessidade de espaços promotores de artes para a sobrevivência e expansão das artes locais. A artista e incentivadora das artes no Estado, Lu Maia, conhecedora das necessidades e importância do fazer artístico paraibano, falou da importância do incentivo às artes por empresas e órgãos governamentais. “No momento atual, estamos vivendo um era da economia criativa, acredito que, formas de apresentar as artes, aquecendo e aguçando as nossas veias artísticas, para nos tornarmos independentes de governos, seja ele de qualquer esfera, independente de qualquer coisa, merece todo nosso reconhecimento. iniciativas, como essa do empreendedor Alex, merece todo o nosso aplauso. Claro que devemos usufruir dos impostos que pagamos. É obrigação dos governos, em todas as instâncias, incentivar a arte, proporcionado formas de estímulos, diminuição de taxas e impostos aos espaços destinados à cultura, tal qual o exemplo que nos dá o Buarque-se Café com Arte. Com isso, ganhamos todos, ganha a população, ganha os empreendedores, ganha o artista e ganha o estado, gerando mais riqueza para todos os intervenientes, criando oportunidade de exportar o artista, que se encontra fechado em nosso meio. Temos que criar oportunidades, otimizar os espaços e as mídias sociais, produzir lugares para se encontrar e levar a nossa cultura para o mundo,“ declarou.



64 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

DIVAS

bottom of page