
Buarque-se Café Com Arte um espaço aconchegante, no qual se respira arte, seja ela, musical, gastronômica ou visual. Local onde, ao som de prelúdios, poucas, valsas, tangos e MPB, executados pela dupla Duo Gêmeos e participação da cantora Tay Fernandes, foi aberta, nesta sexta-feira (12), a exposição Equilíbrio, do artista Sílvio Feitosa, com curadoria do artista Ilson Moraes. A mostra ficará exposta até o dia 12/08/19.
Compõe a exibição trabalhos de vários períodos do artista, entre pinturas à óleo e esculturas em argila, ferro e tecido, que se prestam, na visão do artista, a retratar o equilíbrio interior do ser humano e suas relações com as aspirações, angústias e subjetividade da vida.

Para apresentar a mostra, o curador levantou a seguinte questão:
O que é equilíbrio?
Será um sistema em que as forças que sobre ele atuam se compensam, anulando-se mutuamente como nos coloca a física? Ou seguiremos pelo viés psicológico da sexualidade?
Talvez para analisarmos o trabalho do artista plástico Silvio Feitosa tenhamos que nos deixar conduzir pelos olhos da alma e vermos o ser humano em sua busca incansável que exige um tempo para perceber valores, medos, dores, conflitos entre o feminino e o masculino.
Esta exposição nos faz refletir que tudo faz parte de um mesmo “desajustado equilíbrio” encoberto pelo colorido manto da aparente realidade.
Proponho então viajarmos entre as formas e que sejamos todos trapezistas e malabaristas, aprendendo a viver deliciosamente em desequilíbrio até findar o espetáculo.
Ilson Moraes
Artista plástico e curador
Compondo a programação da noite, o público foi saudado com o recital da artista Valéria Antunes, que encantou a todos com versos de Luiz de Camões, Jean Willian, Warley Tomaz, Magaiver Welington, Paulo César Lima, salpicado de frases de Ricardo Viana Barradas e Benedito Rui Barbosa. Além de participação da cantora argentina, Evangelina Etchebest que brindou a todos com o tango “Por una cabeza” de Carlos Gardel.
Homenagens
O artista foi presenteado, por Evanice Santos, com o acróstico:
Sereno, amigo de todos os artistas do IMAA
Incansável na diversidade de atividades
Livre para criar suas artes
Vela pelo desenho de suas obras
Incentivado pelo parceiro Ilson
Os dois inventam e dinamizam ao Ateliê
Evanice Santos
12/07/2019
Na ocasião foi lido o poema escrito, especialmente para a mostra, de autoria de Adonias da Silva Filho.
Molduras de barro
Nas telas da vida!

O barro foi o primeiro
Elemento construtivo
Na criação do ser vivo
Em seu ciclo pioneiro
A água e o pó do terreiro
Em mistura reduzida
A luz da arte extraída
Das cores do caramelo
Do barro à tinta revelo,
Do feio ao belo, a vida!
Adão foi feito de barro
E Eva de uma costela
O pecado veio dela
E do outro fez-se o jarro
Um material bizarro
Uma escultura polida
Cada medalha vencida
Com o troféu amarelo
Do barro à tinta revelo,
Do feio ao belo, a vida!

Ao prazer de esculpir
Pinte a criatividade
A uma peça de verdade
Todos têm que aplaudir
Cada artista a persistir
Todo tempo da corrida
A arte nunca é vencida
Para meus versos apelo
Do barro à tinta revelo,
Do feio ao belo, a vida!
Em estilo de cordel
“Equilíbrio” de culturas
Artefatos e pinturas
O barro a tinta e o pincel
O bom gosto faz cartel
Toda obra é aplaudida
Cada imagem refletida
Nas telas de mesmo elo
Do barro à tinta revelo,
Do feio ao belo, a vida!

Fiz prá “Vernissage” a tela
Com argila na moldura
Mas só versos na pintura
E ouvidos na passarela
Toda a arte se revela
Na forma mais colorida
E o poeta faz ferida
No artesão com seu martelo
Do barro à tinta revelo,
Do feio ao belo, a vida!
Adonias da Silva Filho
João Pessoa, 14.07.2019
Sílvio Feitosa agradeceu à audiência e o carinho de todos lendo o manifesto,
“Ofício do Artista”
O mundo é das ideias, já dizia o filósofo Platão. O poder de experimentar, expor, compartilhar as visões ocultas no inconsciente, às crenças latentes, é um privilégio dos que se propõe a fazer arte.
Tudo existe em potência nas mentes. Mas, para materializar as abstrações intelectuais, tem que se aventurar permitindo-se ao incerto, voar no mundo das criações.
As barreiras incutidas nas mentes dos homens ao longo de sua formação, tentando manter o equilíbrio social, fizeram uso da “boa educação”, transformada em ferramenta castradora de almas, impedindo a criatividade, transfiguraram-no em um ser mecânico, programado a seguir ordens, tornando-os meros serviçais.
Conter a liberdade de pensamento é a forma mais fácil de conservar o domínio sobre o sujeito. Contido, é facilmente escravizado, não só fisicamente, mas, da forma mais cruel, mentalmente subjugado.
A modernidade, que poderia libertar o homem dos grilhões da ilusória sociedade, rende-se aos conceitos retrógrados de religiões castradoras e mentalidades políticas parasitárias, culpando, aparando, segregando a criatividade humana.
Cabe aos seres livres, voarem em suas almas irreverentes, para combater as amarras da paralisia, arraigada de conceitos preconcebidos sobre a liberdade humana. As muitas criações deram-se da rebeldia dos homens de mentes livres, dos que ousaram ferir de morte o status quo.
O mundo sem arte. É um mundo obscuro, sem vida. Está nas mãos dos artistas expandirem, darem cor, brilho e movimento a vida. Uma função nobre que cabe ao artífice levar as mais diversas possibilidades de visões do mundo, tornando-o mais humano, em constante ebulição.
Sílvio Feitosa Ferreira
João Pessoa PB, 12/07/2019.
Maravilhosa a Arte e o Artista mais ainda!!! Fantástica tb a matéria, AMEI!!!😍💞🌠🎨🏺🔝🆙💜