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O TEMPO ANDA ENGAVETADO


Ο TEMPO ANDA ENGAVETADO 

 

De Li Vasc 




 



Há tempos em que se faz necessário jogar cal em covas rasas. Salgar os olhos para ver o mar. Buscar a superfície, enquanto tudo ao redor se faz afogamento, compressão, compactação ou dissociação. Durante o tempo da pandemia, minha filha desenhava submarinos nas paredes de nossa pequena varanda alagadiça. Outros cômodos abrigaram também pinturas rupestres do coronavírus espiralando imagens de pessoas acuadas em pequenas bolhas, todas elas atravessadas pelo medo. 

 

Quem tem direito ao luto? Você ainda reza? Quais mortes choramos a contento? Quais corpos e promessas vingam e desfrutam o direito ao luto? Você ainda reza? Quais mortos choramos a contento? Quais corpos e promessas vingam em tempos de devastação? Se há nos ossos a certeza de memória, e se são eles os últimos registros da barbárie, quanto tempo demora até que a porosidade deste tempo nos consuma? 

 




‘O Tempo Anda Engavetado’ reflexiona e tenciona as linhas do luto pela elaboração coletiva de nossa mais recente experiência coletiva de quase morte. Visito este espaço e sinto um azular de memórias e de afetos agudos, assim como quem diz: 

 

Sim, eu me lembro. E agora, que sociedade construiremos a partir daqui? 

 

Aline Cardoso Ciannella TEXTO E CURADORIA 




Quem viveu na pandemia, 

Sabe dela, o desespero, 

Mesmo agindo com esmero, 

A pandemia crescia, 

Vendo uma radiografia, 

Batem em si, desconfiança, 

Fazer surgir na lembrança, 

Daquele momento incerto, 

Só tendo amigos por perto, 

Fez nutrir a esperança! 

 

Vendo a bela exposição,  

De Li Vasc, grande artista, 

Retornou a minha vista, 

O momento de tenção , 

Fez bater o coração , 

Em ritmo acelerado, 

De ver ali retratado, 

A dor em cianotipia, 

Ex-votos da agonia, 

Das dores do meu passado. 


Sílvio Feitosa

 

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