PEDRA POEMA: Entre Pedras, Poesia e Sons
- Sílvio Feitosa

- 8 de nov.
- 2 min de leitura

PEDRA POEMA: Entre Pedras, Poesia e Sons
Por Sílvio Feitosa

Uma imersão nos mistérios das Itacoatiaras de Ingá — inscrições rupestres que repousam há séculos no solo paraibano, guardando segredos de uma ancestralidade ainda envolta em enigmas.
A mostra de artes visuais “Pedra Poema – Entre pedras, poesia e sons”, dos artistas Gonzaga Costa, Jacira Garcia e Yure Gonzaga, com curadoria de Ilson Moraes, foi aberta nesta quinta-feira (07), no primeiro andar da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes.
Ver, perceber, decifrar e se encantar — essa é a sensação mística que toma conta de quem se aproxima das obras expostas.

Os artistas traduzem seus encantamentos com as Itacoatiaras de Ingá, um dos mais importantes patrimônios arqueológicos e culturais do Brasil. Suas inscrições, de origem ainda misteriosa, são atribuídas a povos ancestrais que habitaram a região. Esses registros milenares revelam símbolos que remetem a mapas astrais, elementos da flora e fauna nativas, figuras geométricas e até ícones de cunho espiritual, como a menorá.
A ceramista Jacira Garcia, natural de Ingá, expressa-se através do barro para resgatar memórias afetivas ligadas a esse patrimônio. Tendo crescido envolta pelos mistérios das pedras, desenvolveu uma linguagem singular para transmitir suas ideias e curiosidades. Criou as “Joias Territoriais”, adornos que não apenas embelezam, mas também conferem visibilidade e reverência a esse monumento da ancestralidade paraibana.
O termo joia territorial designa uma área geográfica de valor único — um território cuja importância transcende o aspecto físico, abarcando significados simbólicos, afetivos e culturais. Aplicado às obras de Jaciara, o conceito ganha corpo e forma. Suas esculturas reescrevem as Itacoatiaras, realocando-as em novos suportes que transformam o registro pétreo em expressão artística contemporânea.

Já o artista Gonzaga Costa mergulha na plasticidade dos símbolos gravados na pedra, recriando-os com cores e nuances vibrantes que ressaltam a luz e a vitalidade do Nordeste. Suas pinturas e releituras dialogam com o tempo, reinterpretando a história por meio da cor.
A mostra é enriquecida ainda pela presença da música e da poesia, que se entrelaçam para criar uma experiência sensorial completa. Uma homenagem justa é prestada ao poeta, escritor e ativista cultural Juca Pontes, cuja obra eternizou, em versos, a força e o mistério das Itacoatiaras de Ingá.
Instalada no primeiro andar da torre principal da Estação Cabo Branco, a exposição “Pedra Poema” convida o público a um encontro com o passado e o sagrado — um momento de contemplação diante de uma das maiores riquezas da cultura humana.






























Comentários