

O painel criado por Abelardo da Hora em 1956 para a Casa da Universitária Paraibana é uma obra rica e significativa que captura a essência das diversas atividades femininas no Nordeste arcaico do Brasil. Abelardo da Hora, conhecido por sua habilidade em escultura e sua profunda conexão com a cultura nordestina, aborda neste painel a temática do cuidado e da dedicação das mulheres em várias esferas da vida.
O painel é uma representação vibrante e multifacetada das funções femininas tradicionais e contemporâneas no nordeste, relacionado ao cuidado. Ele inclui figuras que desempenham papéis cruciais na comunidade, desde mães de família, que cuidam e educam seus filhos, até carpideiras, que participam das tradições funerárias e ajudam a lidar com a dor da perda. Além disso, o painel apresenta devotas e rezadeiras, mulheres profundamente religiosas que oferecem suporte espiritual e conforto às pessoas ao seu redor.

Também são retratadas curandeiras, que utilizam conhecimentos tradicionais e ervas medicinais para tratar e curar doenças, e médicas e enfermeiras, que representam a evolução das práticas de cuidado com a saúde e a medicina. Esse elenco de figuras reflete o papel fundamental das mulheres na manutenção e no bem-estar das comunidades nordestinas, destacando suas contribuições essenciais tanto no passado quanto no presente.

A obra de Abelardo da Hora não só celebra a importância dessas atividades femininas, mas também serve como um testemunho da resiliência e da dedicação das mulheres na preservação da cultura e na promoção do cuidado com os outros em um contexto cultural e histórico específico. A riqueza dos detalhes e a expressividade das figuras no painel oferecem uma visão profunda e respeitosa do papel vital que essas mulheres desempenham na vida comunitária do nordeste brasileiro.
Abelardo Germano da Hora, filho de José Germano da Hora e Severina Maria Germano da Hora, nasceu aos 31 de julho de 1924 na Usina Tiúma, em São Lourenço da Mata (Pernambuco). A partir de 1928, muda-se com a família para a Usina São João da Várzea, no subúrbio do Recife.
Em 1939, Abelardo entra para a Escola de Belas Artes do Recife. No mesmo ano, ingressou no curso de escultura, desta instituição. Estudou desenho, gravura, pintura e escultura, com uma geração de grandes mestres, anteriores à dele, destacando-se com maestria e virtuosismo em todas as técnicas.
Abelardo da Hora em seu atelier no Engenho São João da Várzea, Recife, em 1944. Foto: acervo de família.
A partir de 1940, começou a integrar o Diretório Estudantil da Escola de Belas Artes e foi eleito seu presidente em 1941, onde começou a estimular os estudantes a visitarem “a vida lá fora”, liderando grupos de alunos a desenhar e pintar paisagens urbanas e rurais, bem como as matas e a vida agitada nos subúrbios do Recife.
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