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Sobre o mar

Atualizado: 17 de dez. de 2018


Fotografia: Silvio Feitosa

A delicadeza de uma imagem marinha se expressa ressaltado a sensibilidade, chamado o apreciador a mergulhar em um mar límpido e revolto, contorcendo-se em cristas de brumas brancas, revelando segredos escondidos nos detalhes.



Cristina Strapação, mestra das artes visuais, abre a mostra “Sobre o mar”, no Buarque-se Café Com Arte, bairro de Intermares, em Cabedelo. O vernissage aconteceu nesta quinta-feira (13), às 19 horas e contou com a participação de admiradores das artes e público frequentador da galeria bar. Os convidados foram recebidos ao som da banda freettozz e degustaram as iguarias elaboradas pela casa.


A artista é curitibana e mora em João Pessoa desde 2003, precisamente no Seixas , ponto mais oriental das américas, local onde mantém contato, constante, com o seu tema principal, o mar da Paraíba.


Cristina tem um trabalho preciso, com realismo impressionante, capaz de retratar a natureza em seus detalhes. Suas pinturas marinhas transportam para a tela toda a beleza que pode existir em um mar revolto e a paz inspiradora da calmaria. O mimetismo de sua obra deve-se aos pormenores que a artista traz consigo. “Sou detalhista em tudo que faço, seja na cozinha, no cuidado do jardim, em minha área de formação acadêmica, tudo, sempre fiz explorando o detalhe. Eu procuro ir a fundo,” afirma a artista.


O detalhe se percebe no transportar para a tela as minúcias da natureza. As obras retratam com exatidão os momentos de um ondular das águas em um clima de final de tarde, dando a sensação de sentir a brisa e a limpidez da água que se agita, golfando suas espumas brancas precedidas de uma transparência profunda em verde jade.



Strapação retrata a realidade congelando instantes de contemplação, presenteando os admiradores com a natureza exposta, propondo a observação e a um mergulho na beleza singela do momento. Desde os seus primeiros trabalhos, a artista buscou inspiração na realidade, na observação do ambiente. “a natureza sempre esteve presente em todos os meus trabalhos. Eu sempre procurei registrar aquilo que existe tal qual ela é. Muitos acreditam que esse papel é da fotografia, mas, a beleza está em fazer pelas minhas mãos, fazer com os meus pincéis. Eu gosto, por que gosto das minúcias, dos detalhes. Quando observo uma folha, não olho só o verde e sua forma, eu destrincho e descubro todos os seus detalhes, todas as nervurinhas e todos os tons de verdes. Muitas vezes, não há só verdes, há também pontinhos vermelhos, amarelos. Quando pinto o mar, é a mesma coisa, pintando a espuma, não vejo só o volume branco, ela é cheia de detalhes; se pinto uma nuvem, não vejo apenas uma massa branca em cima de um azul, é muito mais, eu quero ir a fundo, quero chegar à alma daquilo que estou retratando”, assumiu Cristina.


Dedicação à arte


Todo artista é um imitador, um inquieto que não se contenta em contemplar, ele quer propagar e espalhar o que sente, para isso ele passa a ser um discípulo da sua arte com dedicação e doação, com altruísmo, mergulhando à fundo em seu tema. Para Cristina, tudo que se faz na vida tem que ter entrega. Se não houver esse desprendimento, a pessoa não está sendo verdadeira, não está indo na profundidade que o seu objeto requer. “Em tudo tem que ter dedicação, se você é um médico, um engenheiro, um gari ou um cozinheiro, se não houver entrega e dedicação de verdade, não vai realizar um bom trabalho, nem para si, muito menos paras os outros; não vai ter satisfação plena. Quando eu me dedico à arte faço o melhor que posso, vou querer sempre fazer melhor, melhor e melhor,” enfatizou.


Arte para o público



A arte precisa chegar ao público, não faz sentido produzir algo e escondê-lo, é como escrever um livro e escondê-lo na estante, deixando que as traças o destruam. O artista não pode ficar esperando que órgãos públicos e mídias venham até ele. Os que vivem de sua arte tem que fazer muito mais que produzir. Nos dias atuais, o artista tem que se desdobrar para colocar o seu trabalho no mercado e fazer chegar ao público. “Antes, quando se fazia uma exposição, as galerias se incumbiam da divulgação, produção de catálogos, contatos com a mídia. Hoje, por conta das questões econômicas, já não se faz mais isso. O artista tem que fazer o seu material de divulgação por conta própria, tem que utilizar as mídias sociais para divulgar seu trabalho, é muito diferente das práticas existentes há nove ou dez anos, temos que estar ligados, divulgar os nossos trabalhos, não há escapatória,” desabafou a artista.


O valor da arte




Para Cristina, se o ser humano não tivesse essa veia artística, criativa, produtiva, voltada para o sentido da arte, seria como todos os outros animais. “A arte diferencia o homem dos demais animais da terra. Os seres, ditos irracionais, fazem muitas coisas diariamente para sobreviverem, se protegerem, fugirem de outros animais e preservar a espécie. Sempre em função da preservação. Eles não são capazes de planejar nada, de criar para o outro dia. O ser humano conseguiu se distinguir dos demais seres vivos. Com essa diferenciação ele começou a fugir de fazer tudo só pela sobrevivência, começou a criar coisas que são inúteis. Se percebermos, todas as nossas criações são supérfluas para a perpetuação da espécie, até um carro poder ser considerado inútil. Os objetos que temos em casa, nós não precisamos efetivamente deles. Toda essa criação, toda essa produção criativa é o que nos diferencia dos outros animais. A arte, quando falamos em pintura, escultura, música, qual é a utilidade prática dela? Elas existem para fazer os homens se sentirem superiores, essa é a questão da arte; ela nos liberta, liberta a nossa mente. Através dela nos comunicamos, dizemos e fazemos o que queremos, criam-se mundos imaginários, a arte é libertação,” concluiu Cristina emocionada.




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