Natureza Integral: A Obra como Mundo
- Sílvio Feitosa
- 4 de jul.
- 2 min de leitura

A Usina Cultural Energisa, dentro de seu programa de ocupação, apresenta a mostra de artes visuais Natureza Integral: A Obra como Mundo, com curadoria de Serge Huot. O vernissage ocorreu nesta terça-feira (02) e contou com um público que se encantou com a apresentação de instalações, pinturas e objetos que se comunicam entre si, propondo a reflexão sobre a necessidade de combater a poluição subjetiva da natureza — muitas vezes negligenciada frente à despoluição objetiva.

Toda a experiência foi inspirada no Manifesto de Monte Negro, redigido por Pierre Restany em 1978, em plena floresta amazônica. O curador propõe uma relação sensível entre os artistas, as obras, o público e o território, purificando o mundo do ser, do sentir e do escutar. A arte torna-se, assim, um campo de oxigenação mental.
Ao participar da abertura, pude perceber o cuidado com a organização da mostra, que integrou, de forma eficiente, os trabalhos dos artistas selecionados, conferindo-lhes coesão e uma leitura fluida. As obras funcionaram como um grande pulsar: os desenhos da artista Ianah circundam todo o espaço, lançando sementes ao solo e culminando num grande cesto de bolotas fecundas, prontas para serem levadas pelo público.

A artista Leonelas, por meio da obra Oráculo Serpentina, apresenta um elemento cênico central — uma cadeira onde repousam almofadas carregadas de imagens afetivas. Frases serpenteiam pela instalação, convidando o público a ouvir-se, como em um confessor, onde nós mesmos somos o nosso próprio confessionário.
A mostra também incorpora, com a obra do artista Everton David, a integração entre o meio rural e o urbano. Ele utiliza a metáfora da plantação orgânica e da edificação como arte humana, evidenciando o rito de passagem do homem do campo ao homem da cidade.

A artista Giulia criou uma tenda onde emoções plantadas em terreno fértil expandem-se em folhas, levadas por um tornado além da imaginação. O ambiente é inundado pelo som do artista Gercino, que emerge de um grande casulo gestacional e reverbera pelo espaço a musicalidade sensível de sua obra. A experiência se encerra com a projeção de imagens naturais coletadas pelo artista, projetadas em forma circular — tal qual um quasar emitindo ondas de rádio ao espaço, como se fossem mensagens de uma nave sobrevivente.
A mostra impressiona por sua sensibilidade e proposta conceitual. É um momento único, só plenamente percebido por quem se dispõe a visitá-la. Parabéns aos artistas, ao curador e ao espaço Usina Cultural pela oportunidade dessa vivência enriquecedora.
Sílvio Feitosa João Pessoa – PB
Natureza Integral: A Obra como Mundo
Curadoria: Serge Huot
Artistas
Ianah
Heverton David
Leonelas
Gersino
Giulia Assis
Usina Cultural Energisa 02/07/2025
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